Regina para mim será sempre minha prima Pianista.
Todas as vezes que nos víamos eu a "obrigava" a
tocar "La Cumparsita" para mim.
Tio Neli morava em São Paulo, casado com a Tia Renée.
Lembro vagamente de uma moça linda e delicada andando para lá
e para cá na cozinha para nos servir o almoço.
Lembro também que ela ensinou minha mãe a usar a leiteira,
onde o leite fora fervido, para regar as plantas.
Há muito tempo não fervo leite, mas enquanto o leite foi de
saquinhos e era fervido eu usei a leiteira para regar as plantas. Interessante
como certas coisas nos marcam e a gente não esquece.
Tio Neli era o mais parecido com meu pai, tanto na aparência
como no gênio, isso eu percebi ainda pequena.
Regina é seis anos mais
velha que eu, então nossas idades não eram compatíveis para sermos amigas
naquela época.
Lembro dela como uma menina morena, bonita e simpática.
Tia Renée faleceu quando Regina tinha treze anos. Pegamos o
trem e fomos para o sepultamento. Eu não entendia a morte como, aliás, ainda
não entendo e fiquei muito preocupada com a Regina. Eu não gostaria de ficar
sem minha mãe. Por quê isso aconteceu
com ela? Talvez um dia saibamos, talvez não.
Sempre lembrei das palavras escritas no Santinho da Missa de
Sétimo Dia dela:
“Não chorai minha morte amados meus, o sol também se vai
quando anoitece e Deus, ao murmúrio de uma prece nos manda um céu repleto de
estrelas”.
Muito lindo e triste.
Tio Neli ficou para toda a vida com o olhar triste. Era impossível olhar
para ele e não lembrar da Tia Renée.
Víamos a Regina nas
datas especiais. Ela é até hoje muito linda e muito séria.
Tio Neli mudou para Campinas e tivemos oportunidade de nos ver
mais.
Um tio querido e uma prima querida.
Eu me casei, Regina se casou e tio Neli também casou pela
segunda vez.
Sandra, minha tia japonesa, como costumo dizer, teve dois
filhos, Ruy e Jorge.
Regina teve o Mauricio e eu a Cinthia. A diferença de idade
dessa turminha é irrelevante.
Regina foi a primeira e única da família a romper as algemas
impostas pelo casamento e deixar para trás o que não era bom para ela. Eu a admiro por
isso.
Tio Neli faleceu no início deste ano.
Espero que seu grande
amor o estivesse esperando de braços abertos.
Tudo, mesmo sendo triste, traz alguma coisa boa...
Eu e a Regina nos reaproximamos, nossa faixa etária nivelou e
podemos
conversar sobre qualquer assunto e temos uma coisa em comum:
Somos as únicas que ainda não temos netos e as únicas Pompeu
que se atrevem a publicar seus escritos. Hoje Regina é minha prima Cronista
premiada e coisa e tal. Parece que vamos publicar um livro, nós e mais outras
sessentonas escritoras, mas tudo começou com Regina colocando um Blog no ar e
em seguida ganhando o Prêmio Longevidade Bradesco com seu texto já famoso: “De
repente sessenta”. Esse já está em PPS rodando o mundo e disponível no You
Tube.
Não sei muito sobre a Sandra e os meninos, mas sei que meu tio
os deixou numa situação confortável.
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