sábado, 29 de dezembro de 2012

DESTINAÇÃO-Por Maria Tereza Caleffe


Gente é para brilhar
E faiscar sempre nos domínios do sol.

Gente é para plantar flores amarelas nas varandas
E banhar de sonhos o coração.

Gente é para navegar no rumo certo dos faróis.

Gente é para se fartar
De sol,
De luz,
De água,
De terra.

Gente é para se plantar no centro do planeta
E ser bússola.

PERSPECTIVA- Por Maria Tereza Caleffe


                                                             (Para Vó Haydée)


Verdes, tenros, mansos,
Doces.
Bússola para os passos –sem-norte.,
Lúcidos pontos de vista,
Veleiros seguros no horizonte possível.

Ah! Olhos verdes, tenros mansos,
Guardem-me no encantado ponto de fuga.

Ah! olhos verdes,
Berço, abrigo, abraço, afago,
Branda brisa
Balouçando suavidades.

Ah! olhos verdes,
Reticentes sombras
Nas duras escarpas do real.

Ah! olhos verdes,
Doçura eternizada,
Sábia doçura
Pincelando luzes sorrateiras,
Derramando ouro,
Pontilhando espaços,
Aprumando o traço da vida
Docemente....

IRENE BOA- Por Maria tereza Caleffe





Lá estava ela e seu companheiro de décadas. Sentados num velho sofá que deveria ter segredos jamais revelados. Chovia muito. Parecia até que naquele dia cheio de neblina o universo inteiro se cobrira com um luto inevitável. Estavam todos de luto. Amores perdidos, vida fragmentada em estilhaços de muita dor. Será que um dia voltariam a sorrir? Talvez... Os olhos azuis de uma transparência divina já adivinhavam o que estava para ser dito. De pé, na porta do cobertinho dos fundos, um jovem  casal; ele já fizera  parte  da história daquelas duas criaturas, cheias de dignidade e silêncio. “Esta é a minha nova companheira”, arriscou meio timidamente o rapaz. Os olhos azuis transparentes percorreram léguas em segundos; o que iriam buscar? Conforto, alegria, tristeza, saudade, medo? Só mais tarde tive a resposta: aquele, sim, era o verdadeiro olhar dos justos, dos que perdoam sem reservas, dos que tudo entendem, dos que respeitam o caminhar dos menos sábios. Ah, minha Irene boa, seu olhar ainda me acompanha quando os dias são lentos e escuros, quando é melhor calar , quando não há nada mais a esperar. Esse olhar ainda hoje é meu farol apontando rumos.
Pois é. Foi assim o meu primeiro encontro com a Irene que quase levitava para não incomodar os que ainda se refestelavam “atrapalhando o trânsito”. O rapaz, muito diplomaticamente, me deixou sozinha com Irene no cobertinho, alegando que precisava comprar alguma coisa  para o almoço. Lá fomos nós duas para a cozinha, lugar quase sempre  apropriado para as conversas ao pé do fogo.  “E agora?” Tive uma excelente saída: como sou dada a panelas e temperos, fui encostando a barriga no velho fogão. Não me lembro se conversamos, o que conversamos, talvez cada uma de nós estivesse preparando uma adequada lista de palavras para não “melar” o meio de campo. Finalmente terminamos de preparar um franguinho com batatas. A certa altura ,reparei que Irene, com a panela na mão, olhava indecisa. Arrisquei uma pergunta: “está precisando de alguma coisa?” Toda encabulada acabou confessando, como se fora uma grande falta, que não tinha uma travessa. “Que é isso, dona Irene? Vai  mesmo  na panela”.Ela não sabia que eu já tinha ido descalça para a escola, que muitas vezes chorava  de manhã porque só havia café preto, que muitas vezes  jantava dois copos bem grandes de chá, enfim , que  eu era de carne e osso, que aquele franguinho iria ficar ficar bem mais gostoso e quentinho na panela. “Então você  não se importa?”
“Claro que não, disse   eu.”
Naquele momento o mundo se fez doce, morno, aconchegante. Irene abriu os braços onde tantos  tinham se aninhado, bons e menos bons, fortes e nem tanto, aqueles braços  me recolheram, afugentaram meus medos, e eu, então me fiz naquela hora a menina que um dia vira de perto a solidão de noites frias. Hoje ainda eles estão prontos recolhendo os que estão para chegar. A dor que me fustiga é de saber que, se houver um encontro, será tão fugaz  como um sopro.

MENSAGEM DE NATAL-2012- Por Claudia Gazzoli




Já sinto saudades desse tempo de agora, que sei, amanhã  irá embora,
Saudades desse tempo que me faz reviver e viver momentos tão felizes e especiais, pois me revigoram, me rejuvenescem e me fazem refletir sobre um futuro que já chegou, um futuro que deu mais voltas do que eu supus e que gostaria que tivesse dado, um futuro que apesar dos apesares revelou-se intenso, sofrido, vivido, mas muito feliz.
Saudades do que pretendi ser, do que lutei pra me transformar, daquilo que não consegui viver , de tudo aquilo que consegui ser e não ser, das minhas batalhas vencidas e também, porque não, daquelas que foram perdidas, mas, de alguma forma, se transformaram em  “vitórias” ou foram esquecidas em um canto qualquer do meu eu.
Saudades do meu pai que deixou um vazio tão grande que dói fisicamente e me faz pensar que tanto mais  eu poderia ter feito.
Saudades do meu filho que há tanto tempo está longe, mas que “encontro” a cada reencontro como se fosse aquele que foi embora ainda menino e que me enternece com seu carinho e amor.
Saudades da minha filha, que antes só era filha e agora também é mãe e que ainda vejo correndo pela calçada brincando de pega-pega, mas também que me faz orgulhosa na sua batalha diária pra vencer suas dificuldades.
Saudades do nosso tempo de recomeços, de paixão avassaladora que se transformou em um amor maduro, em um viver/conviver  juntos, mesmo quando as palavras faltam, quando a ausência  dói.
Saudades dos amigos que vejo sempre, pois parece que não consigo conviver com eles o quanto desejo e mais ainda daqueles que pouco vejo, pois a falta do abraço apertado abre um grande vazio na alma.
Saudades dos meus primos queridos que foram e são presença tão rica em minha vida,  que guerreiam por suas vidas mais do que lutam por suas batalhas e que as tentam vencer, um pouco por dia.
Saudades do meu sobrinho/ afilhado, tão querido, tão distante, mas do qual muito me orgulho e que amo como se meu fosse.
Saudades do carinho e da convivência,  com os amigos, seus filhos e netos, pois parece que de repente nos transformamos em uma grande família.
Saudades do meu neto Mathis que numa velocidade tão grande tá deixando de ser bebê e é um dos grandes responsáveis por esses momentos tão felizes e especiais.
Saudades dos Natais de antes quando toda a família se reunia  e dos de agora  que reúne os amigos como se fossemos família.
Saudades  de todos aqueles que fazem parte do meu hoje, que compartilham meu tempo, que convivem comigo.
A todos vocês que fazem parte das minhas saudades um Natal feliz, cheio de luz e muito abençoado.
 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ANO NOVO- Por Regina Pompeu






Jogue fora os velhos sonhos;
Atire pela janela as velhas esperanças;
Abandone por completo os velhos planos;
Esqueça os velhos amores;
Afogue as velhas mágoas;
Esqueça os velhos erros;
Distribua as velhas roupas;
Perdoe as velhas ofensas;
Sepulte o velho ano.
É Ano Novo, tempo de começar tudo de novo...

 ( Texto escrito em 31/12/1980. Não mudei de ideia!)