Quem acompanha minhas postagens sabe que gosto muito de publicar meus diários de viagem, com fotos e comentários.
A pandemia trouxe uma nova realidade, com a qual estamos tentado lidar.
Remexendo nos meus guardados, encontrei textos que escrevi ao longo da vida.
Resolvi, então, viajar para o passado.
Começo com um de 1981, que poderia ter escrito hoje.
Vamos embarcar?
Como é difícil viver o presente!
O passado interfere, o futuro preocupa.
Se o que sou hoje é a somatória de tudo o que
já vivi, que serei amanhã vivendo como vivo hoje?
Como quebrar tabus e romper com falsos
valores, se eles estão arraigados a mim como tatuagens: para tirá-los é preciso
arrancar a pele e...como dói!
Junto com preconceitos e velhas ideias é
preciso também jogar fora sonhos de felicidade eterna e amores infinitos,
segurança constante e bem estar perpétuo.
É trocar o “felizes para sempre” pelo
parcialmente satisfeitos até não se sabe quando.
É aceitar o provisório, o quebrável, o
mutável, o deixa estar para ver como é que fica, o passar pela vida enquanto a
vida passa, o “não ser mais tão jovem para”..., nem “ser tão velho que”...
É se convencer de que não se tem todo o tempo
do mundo, mas pouco, muito pouco diante de tudo o que se quer fazer.
É concluir que não se pode parar o tempo,
voltar atrás.
É seguir em frente com as cartas que a vida
oferece, tentar fazer canastra, mesmo suja; pegar o morto enquanto é tempo;
acertar, quem sabe, o cavalo vencedor do próximo páreo; levar xeque, mas evitar
que seja mate; até, um dia, bater com as dez...
06/05/1981