sábado, 3 de maio de 2014

ERA UMA VEZ UMA TAÇA DE CRISTAL... Por Maria Tereza Caleffe



 Viera de regiões desconhecidas, mas emanava de si tanta luz e uma magia que ofuscava a lucidez. Foi entregue a quem poderia ser o guardião de tal tesouro. Era pequena, mas ao carregá-la semelhava um peso considerável para ser transportado por uma caminhada que se supunha longa. Longa. Longa demais Às vezes era preciso esfolar pés e mãos para protegê-la, sabe Deus de quantas dores e lágrimas mal contidas que foram acontecendo  naqueles longos anos.
Às vezes, nas quebradas do percurso, a caminhante vacilava.
Vieram ventos que quase a derrubaram. Sol escaldante que deixava crostas de secura. Avalanches sorrateiras. No meio de tanto tumulto para onde iria a sua integridade?
E assim se passaram muitos anos. Até que um dia, nefasto dia, ventania, secura, tempestades, estavam a postos. Tudo indicava que o tesouro há tantos dias e noites  velado para que não se esgotasse a magia – o tesouro foi arrebatado por uma força doentia, maléfica, coisa de bruxaria. Naquele dia, a caminhante viu sua taça de cristal jogada impiedosamente contra uma parede – virtual que fosse – mas com tal dureza que se desfez em mil pedaços.
Acabou a magia.!
O sonho acabou
E tudo acabou
E tudo morreu. Está sem ninguém. “
Ah, Drummond...me desculpe o plágio mas
“Só sei que foi assim!...(Auto da compadecida – Ariano Suassuna)