Viera de regiões desconhecidas, mas emanava de
si tanta luz e uma magia que ofuscava a lucidez. Foi entregue a quem poderia
ser o guardião de tal tesouro. Era pequena, mas ao carregá-la semelhava um peso
considerável para ser transportado por uma caminhada que se supunha longa.
Longa. Longa demais Às vezes era preciso esfolar pés e mãos para protegê-la,
sabe Deus de quantas dores e lágrimas mal contidas que foram acontecendo
naqueles longos anos.
Às vezes, nas quebradas do percurso, a caminhante
vacilava.
Vieram ventos que quase a derrubaram. Sol escaldante
que deixava crostas de secura. Avalanches sorrateiras. No meio de tanto tumulto
para onde iria a sua integridade?
E assim se passaram muitos anos. Até que um dia,
nefasto dia, ventania, secura, tempestades, estavam a postos. Tudo indicava que
o tesouro há tantos dias e noites velado para que não se esgotasse a
magia – o tesouro foi arrebatado por uma força doentia, maléfica, coisa de
bruxaria. Naquele dia, a caminhante viu sua taça de cristal jogada
impiedosamente contra uma parede – virtual que fosse – mas com tal dureza que
se desfez em mil pedaços.
Acabou a magia.!
O sonho acabou
E tudo acabou
E tudo morreu. Está sem ninguém. “
Ah, Drummond...me desculpe o plágio mas
“Só sei que foi assim!...(Auto da compadecida – Ariano
Suassuna)