sexta-feira, 31 de maio de 2013

Variações sobre o mesmo tema- por Regina Pompeu e Rita Figueiredo


ENCONTRO RE RI 
                                                                                                              (Regina Pompeu)







 



Sou devota da Santa Internet.

Por seu intermédio, conheci meu marido, reencontrei amigos e parentes e até ganhei um prêmio num concurso cultural.

Seu mais recente milagre foi me conectar a uma pessoa que eu jamais conheceria, não fosse sua intervenção.

Tudo começou quando Rita recebeu de uma amiga o meu texto “De repente 60 (ou 2X30)”.

Gostou tanto que conseguiu me localizar e me enviou um email.

Começamos a nos corresponder e descobrimos inúmeras afinidades e “coincidências”, entre elas o fato de sermos ambas arianas, com filhos librianos com ascendente em Áries, que fazem aniversário no mesmo dia!
A paixão pela escrita nos aproximou tanto que ela foi praticamente minha parceira na criação do site www.asnovassessentonas.com.br : apoiou a ideia, contribuiu com textos e comentários, apresentou novas colaboradoras...
Quando estive em Bonito (MS) com meu marido, ocorreu mais uma dessas ¨coincidências”. Ao comentar com ela, por email que estávamos lá, ela nos convidou para conhecer a Fazenda Palmares, de sua propriedade, a apenas alguns quilômetros de onde estávamos hospedados. Assim, conheci a família de seu filho, que raramente vai lá (!),  antes de conhecê-la pessoalmente.
Uma amizade como essa não poderia se limitar aos contatos virtuais e, no mês passado, ela se abalou de Curitiba para que enfim nos encontrássemos pessoalmente.
Foi uma experiência mágica! Assim que nos vimos, constatamos que as afinidades descobertas por correspondência eram apenas uma pequena parte das que descobriríamos ao longo da semana.
Conversamos por horas a fio e trocamos confidências como se nos conhecêssemos desde sempre.
Passeamos pela Ilhabela e pelas praias de Caraguá, subimos o morro de Santo Antonio, de onde se avista toda a cidade ( paisagem de sonho!), fizemos aula de Yoga.
Mesmo sendo da mesma geração, nascemos e fomos criadas em locais bem distantes um do outro e por famílias bastante diferentes, o que torna nossas afinidades ainda mais surpreendentes. Temos convicções políticas, sociais e culturais muito semelhantes. Ambas fomos obrigadas por nossas mães a estudar piano ( até as músicas de que nos lembramos são as mesmas).
Para celebrar a visita, organizamos um encontro com as sessentonas de meu círculo de amizades, com direito a depoimentos emocionados, apresentações de piano e violão, numa linda casa à beira-mar. Apesar da tempestade que caiu à tarde, presenciamos a exibição de golfinhos e um lindo pôr do sol. Meu marido está concluindo a edição do vídeo desse nosso memorável encontro.
Nosso próximo passo será a edição do livro “As novas sessentonas”, de Regina Pompeu, Rita Figueiredo e convidadas.
Já estou até vendo a farra que será a noite de autógrafos... 





VIU SÓ, CARAGUÁ?!

(Rita Figueiredo)



Caraguatatuba era para mim, muito antigamente, apenas o nome esquisito do lugar sem graça, por onde a gente passava a caminho de Ubatuba.
Não me lembro se, naquela época, já tinha esse simpático apelido de Caraguá, que hoje se vê oficializado até nas placas de trânsito.
Quem diria que, após tantos anos, eu iria desfrutar de uma temporada deliciosa justo em Caraguatatuba!...
Nem de longe imaginava que Caraguá viria ocupar um cantinho tão especial em meu coração, a ponto de eu lhe fazer destinatária de minha escrita...

Então, querida Caraguá, nem preciso me apresentar, porque você já me conhece das andanças pra lá e pra cá por suas ruas, avenidas, praças, montanhas, praias. Viu só minha alegria?! Ah... tudo tão mudado! Você e, principalmente, eu, o meu olhar que agora consegue reconhecer sua graça...

Você também viu, né Caraguá?, que o motivo maior desta minha longa viagem, de Curitiba até aí, foi encontrar-me com uma ilustre moradora sua – Regina Pompeu.
Sabia que, embora já fôssemos grandes amigas, não nos conhecíamos pessoalmente?! Nossa relação era só por e-mail e telefone.
(Prometo um dia lhe contar a história sobre o tal de “De Repente 60 que fez nascer a amizade dessas novas sessentonas... E também sobre as inúmeras e assombrosas coincidências entre nossas vidas...).
Nos planos que Regina e eu fizemos, as coisas foram se ajeitando de tal forma que você, Caraguá, acabou sendo escolhida como cenário para o concretizar de tão aguardado encontro, ao vivo e em cores!

Viu só, Caraguá, que vividez e que cores havia em nossa emoção, desde o primeiro contato na Rodoviária?!
Será que, no decorrer de minha estadia, você foi capaz de acompanhar todas as descobertas surpreendentes que continuamos a fazer sobre nós mesmas, nas intermináveis conversas de verdadeiras amigas de infância?!
E como foi bom ter como testemunha a presença afetuosa e elegante de Ari, marido de Regina, com sua singular inteligência d’Os Deuses...?! (Garantido, né?, esse perfeito japonês que insiste em nos convencer de que é nordestino...!)
Você viu, Caraguá, como minha amiga foi incansável em me proporcionar momentos de descontração e contentamento?! Isto sem falar no desfrute de seu singelo esmero culinário (sempre cobiçado pelo faro e pelo olhar pidoncho de Cacá, o mimoso e mimado cãozinho!).

E as pessoas que tive oportunidade de visitar... Nossa, Caraguá!
Nem bem havia chegado de viagem, e Regina já me levou para conhecer sua gentil amiga e mestra Zally, pois ela iria se ausentar no período de minha estadia.
Depois, veio convite de Maurício e Tatiane (filho e nora de Regina) para comermos pizza em sua linda casa. Ela, uma flor. Ele, um querido. Por certo tempo, fiquei olhando aquele garotão ali, de tênis, bermuda e camiseta, e me divertindo em pensar no contraste... com ele mesmo, o alinhado gerente do Bradesco de São Sebastião que estivemos visitando dias antes.

Ah... e o reencontro com Moisés e família... Muita emoção. Ele foi amigo de infância de meu filho quando morávamos no interior de São Paulo. Sabia, Caraguá, que há muitos anos todo seu pessoal saiu de lá porque escolheu você para começar uma vida nova?!

E nos passeios turísticos programados por Regina, deu pra perceber, Caraguá, toda minha satisfação?! (Oportunamente, peça a ela que lhe conte sobre o divertido borboletear das quatro amigas...).
A propósito, não fique enciumada por termos passado um dia com sua vizinha chique – a ‘Ilhabela’. Ela sem dúvida tem seu encanto, mas o que valeu mesmo foi o gostoso dos papos que Regina e eu tivemos por lá, das caminhadas e comprinhas que fizemos, da comidinha no Cheiro Verde...
Já você, Caraguá, é diferente – uma cidade com alma. Viu só o meu novo olhar de admiração?! O quanto a achei espetacular na vista aérea do Morro de Santo Antônio?! Quase morro de medo! (Mas ousada o suficiente para saltar daquela rampa e... cair direto na infâmia do trocadilho...!).
Você é viva, Caraguá, tão viva que até sua praia da Cocanha torna a água viva, a qual sem a menor cerimônia, veio lamber-me o joelho... Que ardor!
E depois, em sua Prainha, você caprichosa cuidou de sugerir a cervejinha e inspirar as duas amigas na troca de confidências, dessas que só de mulher para mulher...

Mas festa mesmo foi aquela realizada a cavaleiro de sua praia Martim Sá! Viu só, Caraguá, que mágica celebração propiciada pelo encontro das meninas, em casa de Maria Luiza?!
Bah! Asseguro-lhe que ainda me acomete o sagrado espanto: O que foi aquilo?! Aquela anfitriã! Aquela casa?! Aquelas amigas de Regina?! Aquele mar?! Aquelas montanhas?! Aquele pôr-do-sol por trás da cortina de chuva?! Ah...e aquele fundo musical?! Nada menos do que “O Guarani”, magistralmente interpretado ao piano pelas mãos virtuosas de Maria Luiza e Jandira! Você também se arrepiou?
Agora, por favor, Caraguá, jura que você ficou tão enlevada que nem deu ouvidos à subsequente execução de um duro “Bife”, vigorosamente batido no Steinway por outras quatro mãos atrevidas, pertencentes a malogrados projetos de pianistas, as quais prefiro manter anônimas...
Ainda bem que tudo nos era permitido naquela fantástica troca de afetos, talentos, experiências e saborosos quitutes! Viu como a mulherada foi eclética em seu fazer-arte?! De Villa Lobos a “A Véia a Fiar”...
Ao nos despedirmos, você na certa empatizou com minha pura gratidão às amigas Maria Luiza, Regina, Mainara, Sílvia, Lídia, Bárbara, Jandira, Goretti e Lau (esta, outra velha conhecida de sabe-se-lá que dimensões da Existência...).

Realmente tentador, Caraguá, o sol fulgurante que você ofereceu na manhã seguinte, me atraindo para a praia! Mas algo aqui dentro soprou que era preciso aquietar um pouco. Portanto, achei mais propício aceitar o convite de Regina para participar da aula de Yoga. Acertada decisão...
Ah... só a essência de Kaivalyadhama sabe o realinhamento proporcionado a meu ser, naqueles preciosos momentos de prática indiana. Só eu sei a admiração que tenho por pessoas como a amiga-professora Mainara que, em perfeita harmonia, conseguem mesclar firmeza com doçura! Sua mera presença já é curativa... E ainda me encheu de presentes... Abençoada!

Na noite anterior à minha partida, você reparou, Caraguá, em como eu me sentia? Recolhida em meu cantinho aconchegante na Pousada da Costa, fazia um retrospecto de cada momento feliz aí vivenciado. O normal seria eu lamentar a aproximação do fim. Mas posso assegurar-lhe que não sou normal. Felizmente, a maturidade ensinou-me a escapar das normas e ficar com o natural.
Natural foi o me dar conta do quão sobrenatural foi o movimento a que, certo dia, Regina e eu fomos inesperadamente induzidas, uma em direção à outra, para compartilharmos o presente desta rara amizade...
Natural era o pleno estado de graça e gratidão que predominava aqui dentro, junto com a profunda certeza de que iria levá-lo comigo, não só até Curitiba, mas pela vida a fora...
Natural também foi a profusão de superlativos e exclamações que, a lhe fazer jus, acorreram para compor a forma de meu discurso, tão logo me veio a vontade de lhe prestar esta carinhosa homenagem.
Viu só, Caraguá?!

*******









2 comentários:

  1. VIU SÓ como minha mamis sabe se expressar com tanta sensibilidade e ternura ?!!!!!
    Grande encontro ..., bela viagem !!!
    Amo você !!

    Ni

    ResponderExcluir
  2. TENHO UM DIÁRIO DE VIAGEM QUE FIZEMOS PARA O SUL...COLOQUIAL DEMAIS PARA POSTAR.KKKKKK

    ResponderExcluir