Se existe alguém que não pode reclamar de sogra, este alguém sou eu!
E olha que tive três, todas muito queridas e de cada uma aprendi lições preciosas.
Parodiando a Terezinha de Jesus:
A primeira foi a Irma, não se trata de "Irma La Douce" (como no filme), mas é mulher doce, meiga, carinhosa, excelente cozinheira. Eu era muito jovem e inexperiente quando casei com seu filho. Com suas receitas aprendi a dar os primeiros passos na cozinha. Mesmo após a separação, ela continuou cuidando do meu filho, na época com 2 anos, para que eu pudesse trabalhar. O casamento durou pouco, mas até hoje, mais de trinta anos após o divórcio, continua me tratando como filha.
A segunda, Anita. Enviuvou muito cedo e teve que distribuir os filhos nas casas de tios para poder trabalhar e sustentá-los. Em minha breve vida em comum, de apenas três anos, com seu filho caçula, aprendi a querê-la muito bem. Já havia perdido o filho mais velho e quando o mais novo morreu do mesmo mal, me disse com voz amargurada: _ “Minha filha, acho que fiquei velha apenas para ver meus filhos irem embora!” Restou-lhe apenas a filha, que a acompanhou até os últimos momentos, aos 92 anos.
A terceira, Branquinha, se foi para sempre há alguns dias. Alagoana arretada, aos 17 anos fugiu da família, que se mudava para Santos e permaneceu em Sergipe, onde ficou a vida toda. Até o próprio nome ela escolheu. Como não gostava de Otília, passou a se chamar Branca e só assinava o nome que constava na certidão em documentos oficiais. Casou com um homem já idoso, teve apenas um filho (meu atual companheiro), mas criou outros dois de um relacionamento anterior de seu marido. Obviamente, ficou viúva muito jovem e batalhou para sustentar o filho e seus enteados. Até recentemente morava sozinha, não tinha empregada e não tomava remédio algum. Foi enfraquecendo e percebemos que ela já não tinha condições de manter o mesmo estilo de vida. Ao se dar conta de que, de alguma forma, sua vida seria dirigida pelos outros, deitou na cama, recusou-se a receber alimentação e, em um mês, exatos 30 dias após completar 92 anos, saiu desta vida da mesma forma como a viveu: tomando as rédeas em suas próprias mãos!
Além de lições de vida, acabo de receber uma lição de morte!
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
sábado, 9 de agosto de 2014
O PERIGO DOS RÓTULOS - Por Regina Pompeu
No meu tempo de
faculdade, o pior xingamento que se poderia dirigir a alguém era chamá-lo de reacionário (“reaça”).
Era assim que os donos da verdade de plantão classificavam quem tinha a audácia
de pensar de forma divergente. Hoje em dia, apareceram os adjetivos “coxinha” e
“elite branca”, com o mesmo propósito.
Segundo Piaget, a classificação consiste em distinguir as características dos objetos e agrupá-los de acordo com essas características. Um mesmo objeto pode pertencer simultaneamente a várias classes: redondo, amarelo, fino, etc.. É assim que podemos organizar o mundo, a biologia, a medicina, etc..
Segundo Piaget, a classificação consiste em distinguir as características dos objetos e agrupá-los de acordo com essas características. Um mesmo objeto pode pertencer simultaneamente a várias classes: redondo, amarelo, fino, etc.. É assim que podemos organizar o mundo, a biologia, a medicina, etc..
Quando colocamos um
rótulo, reduzimos a pessoa em questão a apenas uma de suas características,
ignorando as demais: negro (cor da pele), corintiano (clube do coração), loira
(cor do cabelo sinônimo de burra), crente (religião), etc.. A classificação que
leva em conta apenas uma característica está na raiz do preconceito: a pessoa é
julgada por apenas um aspecto e enquadrada num modelo predeterminado, por isso
“pré-conceito”.
Agora, tomarei a
liberdade de falar um pouco de mim:
Meu nariz revela a
ascendência negra. Minha pele é branca, como a de meus ancestrais europeus
(portugueses e italianos), imigrantes que vieram em busca de um futuro e por
ele trabalharam de sol a sol. Meu cabelo escuro, farto e liso lembra o de minha
bisavó índia. Meus olhos têm a cor indefinida (entre o verde, o castanho e o
mel) da miscigenação das várias gerações. Um dos sobrenomes revela a longínqua
origem judaica. Meu filho tem também sangue alemão. Tenho dois irmãos mestiços
de japonês, frutos do segundo casamento de meu pai.
Estudei em escola pública, trabalho desde os dezessete anos, muitas vezes em dois ou mais empregos, para manter minha casa com dignidade.
Não me considero melhor ou pior que ninguém, mas pertenço a uma elite, sim: daqueles que superaram barreiras financeiras e sociais, sem qualquer cota ou privilégio especial, e tudo que tenho é fruto de muito esforço e dedicação.
Estudei em escola pública, trabalho desde os dezessete anos, muitas vezes em dois ou mais empregos, para manter minha casa com dignidade.
Não me considero melhor ou pior que ninguém, mas pertenço a uma elite, sim: daqueles que superaram barreiras financeiras e sociais, sem qualquer cota ou privilégio especial, e tudo que tenho é fruto de muito esforço e dedicação.
A que categoria
pertenço? Qual é o meu rótulo? Qual é a minha cor?
Minha história é parecida com a de centenas, milhares ou milhões de BRASILEIROS que hoje se sentem indignados por serem chamados de "elite branca" ou “coxinha” por aqueles cuja grande contribuição foi a de colocar a ética, a decência e a política em nível tão baixo como "nunca se viu antes neste país".
Minha história é parecida com a de centenas, milhares ou milhões de BRASILEIROS que hoje se sentem indignados por serem chamados de "elite branca" ou “coxinha” por aqueles cuja grande contribuição foi a de colocar a ética, a decência e a política em nível tão baixo como "nunca se viu antes neste país".
Que direito tem uma
filósofa, branca, professora da maior universidade do país, de dizer que odeia
a classe média, e ser aplaudida? A que classe ela pertence? A que classe
pertence a presidentA? De que cor ela é?
Sempre fui contra
rótulos em seres humanos. Rotulá-los é reduzi-los não só a uma única faceta,
mas, também impedi-los de mudar de opinião, de se autoavaliar, de crescer,
enfim.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
DE VOLTA ÀS ORIGENS - Última parte - Por Maria Tereza Callefe
UM DOS
ÚLTIMOS PASSEIOS ANTES DA VIAGEM. QUERIA TRAZER ENCOMENDA DE PASTÉIS DE BELÉM
PARA NÃO
FUGIR À REGRA – PASTÉIS DE BELÉM
DIANTE DA
DOÇURA, ESTÁ PERDOADO O ERRO
FILA, TODOS
OS DIAS
NÃO SEI SE
EM 1957 A JUVENTUDE ERA MUITA, A FOME TAMBÉM, MAS SENTI UMA DIFERENÇA..
A FÁBRICA
QUE BEIJINHO
DOCE QUE ELA TEM...MAS OS PASTÉIS..., ME DESCULPE, ANA...
VISITA AO
OCEANÁRIO DE LISBOA. DÁ VONTADE DE POR LÁ FICAR.
OS ANIMAIS
TODOS EM PAZ, SEM BRIGA...ESTAVAM
ALIMENTADOS.
EIS A QUESTÃO....
ALGUNS
MOMENTOS DIGNOS DE NOTA:
NA CASA DE
MINHA SOBRINHA ANINHA NA ERICEIRA.
NA SALA
DA LUCY
AS TRÊS
VIEIRA – GRANDES COZINHEIRAS
ESTA
ESCADA SUBSTITUIU, DE CERTA FORMA, O PILATES
O
BUDA....ATÉ DIRIA BUDAPESTE . DANADINHO
MATEI A
VONTADE DE CEREJAS POR MUITO TEMPO
GERALDO
E ANINHA EM SÃO MIGUEL. VICIADOS EM OTOLOTO
MINHAS
DUAS LINDINHAS. LUCY E ANINHA
MANUEL
CARREGANDO A BAGAGEM. SEMPRE SOLÍCITO
OS ÚLTIMOS
DIAS EM CASCAIS OS PASSEI DE MOLHO. GRIPE, ENJOO, MAS HOUVE UM MOMENTO DE
GRANDE SIGNIFICADO: A VISITA DE NILTON E O PRESENTE DELE E DE JOANA:
DUAS CANECAS
LINDAS DO ALGARVE E UM ÁLBUM MONTADO COM MUITO CARINHO E SENSIBILIDADE COM OS
MOMENTOS MAIS TOCANTES DESTA
INESQUECÍVEL VOLTA ÀS ORIGENS.
FIM DA
LINHA. ESTA NÃO FOI UMA VIAGEM DE TURISMO. TEVE O JEITO DE PEREGRINAÇÃO OU
ATÉ ESTRADA DE SANTIAGO PARA QUE ESTAS
DUAS MENININHAS SE ENCONTRASSEM.
PARA SEMPRE!
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