domingo, 29 de abril de 2012

AL TERAN DOOSLI MITES - Por Rita Figueiredo



(Fica mais divertido ler em voz alta)

Àsve zesgos tode alter arolimi tedasco isas
sópra verco moéquef icam.
Tra gopra cáoque édelá epo nhoalio queéda qui.
Ficapar ecen doumca ossemsê-lo.
Ape nasesto uexper imen tand onov aspossi bili dadesde
divi dirdi feren teaescri tadalín guaportu guesa,
eain daenten dê-la.
Umabrin cade iramei oma lucaque vaile varto domun
darmui tagarga lhada.
Exper imentefa zera suaedi virta sedemo ntão!

REAL IDADE- Por Iris Boff



Entra na tua velhice
Em silêncio, sem rumores
Reconheça suas tolices
Triunfos e dissabores.

O que tiveres plantado
Recolha os frutos e flores
E o que tiver semeado
Crescerá quando tu fores.

A neve em seus cabelos
Tom que a vida lhe dera
Floresça sem atropelos
Uma nova primavera

Tenha sempre vontade
De amar que é saúde
Velhice não é enfermidade
Mexa-se, dance e mude

Teu destino é a Eternidade
Deus presente que te ajude.
Pois ali a “Real  Idade”
É a eterna Juventude



sexta-feira, 27 de abril de 2012

DOMÉSTICAS-Por Regina Pompeu

                                                  (Rosângela - ex diarista e amiga)

Estou adorando a nova novela "Cheias de Charme”.
Engraçada, leve, divertida. Só espero que não caia no mesmo erro de outras que começam a enrolar e esticar por causa da audiência.
As protagonistas me fizeram lembrar as domésticas que passaram pela minha vida.
Minha família não possuía muitos recursos, mas minha mãe, devido à sua grave enfermidade, precisava de auxílio para as tarefas da casa.
Certa vez, eu estava com febre na casa de minha avó, que morava a duzentos metros, quando minha mãe foi até lá, deixando a moça, que havia aparecido na porta oferecendo seus serviços, passando a roupa. Ao voltar, encontrou a casa aberta e com tudo revirado. O dinheiro que meu tio, que morava conosco e era tesoureiro da comissão de formatura, havia deixado com minha mãe havia sumido. Até hoje não sei como meus pais fizeram para repor esse dinheiro.
Foram várias tentativas, até que apareceu Tereza, um verdadeiro anjo. Filha de um chacareiro japonês, em troca de casa, comida e estudo, ela deveria dar conta dos trabalhos domésticos. Acabou escolhendo meus pais como padrinhos de batismo. Cuidou da casa e acompanhou minha mãe até o fim. Lembrava até dos horários dos seus medicamentos.
Já adulta, quase sempre tive diaristas, pois não tinha condições de pagar uma empregada com salário mensal.
Brasília vinha aos sábados, pois durante a semana trabalhava para uma amiga. Trazia consigo sua filha pequena, Itália (os nomes são esses mesmo!). Um dia surpreendi meu filho de cinco anos, que não estava fazendo nada, dizendo:_ Itália, me traz um copo d’água. Perguntei a ele:_ Por que não vai buscar você mesmo? Ao que ele respondeu:_ Ora, a grande é sua empregada e a pequena é para mim! Imaginem a bronca que ele levou!!!!
Clarice era servente da escola onde eu trabalhava e vinha também aos sábados. Vivia fazendo perguntas sobre assuntos que via na televisão, por exemplo: o que era “crime hediondo?”. Mas a melhor de todas foi quando me perguntou o que eram “frutas tropicais”. Quis saber o porquê da pergunta e ela explicou:_ É porque o Michael Jackson vem ao Brasil e pediu frutas tropicais e meus filhos estão morrendo de vontade...
Mas, as melhores pérolas vêm da empregada de uma amiga. Quando está contente, ela diz que está “mensalmente feliz”; diante de uma situação violenta, diz que a pessoa ficou “dramatizada”. Para ela, existe um refrigerante chamado “água atômica” e os brinquedos “salgadinhos de chumbo”. Ela limpa o “vidro embalsamado” e algumas pessoas “não respiram confiança”. Certa vez faltou ao serviço para “distrair o dente do cisne”.
Mas a situação mais incrível aconteceu com Irene. Se fosse colocada na novela, diriam que só acontece na ficção. Nos fins de semana ela ia para a casa do namorado, que trabalhava num cinema em São Paulo. Num domingo em que eu estava na cidade, na casa de uma amiga, resolvemos assistir ao filme Cidade de Deus na sessão da tarde, na Avenida Ipiranga. Na saída, vi, com surpresa, a Irene com o namorado. Alegremente a chamei e, ao cumprimentá-la, reparei que estava com meu anel (inconfundível, pois feito sob encomenda). O mais surpreendente da história é que esse cinema não era aquele em que o namorado dela trabalhava e eu jamais havia entrado nele nos últimos trinta anos. Na segunda-feira, perguntei a ela pelo anel, ela disse que poderia ter se confundido e pego por engano e me devolveu. A frustração foi enorme, porque eu emprestava minhas roupas para que ela fosse às festas, era sua fiadora na casa em que morava de aluguel e comparecia às festas de seu aniversário e a convidava para as minhas. Passei, então, a reparar no sumiço de várias peças de roupa, material de higiene e limpeza, de que antes não havia me dado conta. Demorei meses para conseguir que ela mesma resolvesse sair, pois temia alguma represália se ela associasse o episódio do anel à sua demissão.
Em seguida veio Diva, que saiu para um cargo administrativo numa imobiliária.
Rosângela ficou alguns anos. Inteligente, gostava de ouvir minhas conversas com meu marido e amigos e dizia que o fazia para aprender.Eu a ajudava nos trabalhos escolares (ela fazia o supletivo), lhe emprestava livros e consegui uma bolsa de estudos para seu filho na faculdade.Até hoje somos amigas.
Atualmente quem trabalha comigo é a Magna, de absoluta confiança, que cuida de minha casa com todo carinho.
Com elas pude recuperar minha confiança e respeito por essa classe que muitas vezes ainda é tratada como de segunda categoria.
Por coincidência, fiquei sabendo que hoje, 27 de abril, é o dia Nacional das Domésticas.
Minha singela homenagem a todas elas!






terça-feira, 24 de abril de 2012

FASCINANTE-Por Iris Boff




Sem disfarce
Sem fuga
Na minha face
Muita ruga

Não se repele
A história dita
Escrita
Na própria pele

É a minha nova
Identidade
Da Maturidade

Maravilha de Maquiagem
Que pede passagem
Para a liberdade

Com esse aparato
Caio na vida
De fato
Com alegria
E consciência
Sabedoria
Experiência

Quero ser da Vida
Amante
Para ser uma velha
Interessante
De Beleza madura
E irradiante

Deus me ajude
A cuidar bem dela
Pois esta beleza
É com certeza
Tão fascinante
Quanto aquela
Da Juventude




MEU ANIVERSÁRIO DE 60 ANOS- Por Rita Figueiredo


 (Neste 17 de abril, completei 66 anos. Entre as reflexões costumeiras de dia de aniversário, veio-me à lembrança a moda que inventei para comemorar meus 60 anos. E aí, me deu vontade de compartilhar com vocês a alegria que foi para mim realizar um singelo evento... (Confiram no convite abaixo, enviado por e-mail.

Pois é, minha gente querida, estou 60ndo !

O ser humano tem essa estranha mania de festejar com maior efusão cada virada de década, na passagem de seus anos, principalmente à medida que esses anos vão ficando mais numerosos...
Revisitei a comemoração de minhas “viradas”. Aliás, bem diversificadas:

No dia em que fiz 20 anos, fiquei noiva.
Completei os meus 30 numa casa de show em São Paulo (me sentindo velha!).
Nos 40, juntamos toda a família e fizemos uma viagem de Maria Fumaça até a Lapa - PR.
Quando fiz 50 anos, me vesti de palhaço e passei o dia distribuindo narizinhos e mensagens no centro de Curitiba, esquina do Shopping Müller.
Agora, chegou a vez dos 60. Que mania!!   

Quando eu era menina, se alguém me pedisse para visualizar meu aniversário de 60 anos, na certa eu ia me imaginar uma senhora comportada, de cabelos brancos, meio desdentada, numa cadeira de balanço, bengalinha ao lado, rodeada de inúmeros netinhos que sopravam as velinhas pra ela...
Doce inocência... de eu-criança... de antiga mente!

O ser humano tem essa outra estranha mania de ter sonhos. Nunca fui uma pessoa de muitos sonhos. Talvez por isso eu não seja alguém de grande empenho na direção de realizações. As coisas praticamente vêm a meu encontro, e eu apenas empresto meu ser para que elas se tornem realidade.
Mas durante a juventude, acalentei sim um belo sonho, que acabou sendo abandonado lá atrás, em função dos rumos que escolhi dar à minha vida. Um sonho que tem a ver com meu dom de cantadora. Um sonho que também tem a ver com o amor a meu ídolo, o único de quem sempre fui tiete assumida, desde que ele surgiu no cenário artístico brasileiro. Certa vez, fui assistir a um show seu e quase me atirei do primeiro balcão do teatro Guaíra!  
E agora, com a proximidade dos 60 anos, eis que este sonho emerge, lá do fundo de mim, a me alertar que o tempo está passando e a me perguntar se vou mesmo deixá-lo ali, esquecido, pelo resto de minha vida.

O choque foi tamanho que fez pular da cadeira a tal velhinha de minha singela prospecção infantil. Levei uma bengalada na moleira! Assim, de susto, cheguei ao meu agora, e aconteceu um salto quântico: o presente!

O PRESENTE de aniversário que vou dar a mim mesma.
a REALIZAÇÃO do antigo sonho!

Mas isto só será possível se eu tiver a companhia das pessoas especiais
que escolhi para compartilhar a alegria deste momento.
Com todo o meu carinho, receba o convite anexo.



... E NO MEU SONHO TINHA UM SHOW !

NO PALCO:

“RITA CANTA CHICO”

Seleção de músicas de chico buarque


NA PLATÉIA:

MEUS AMADOS FAMILIARES
E
AMIGOS DO CORAÇÃO


DATA –  17/04/2006
HORÁRIO –  20:30h
LOCAL – Centro Paranaense Feminino de Cultura
Rua Visconde do Rio Branco, 1717 – Curitiba – PR
INGRESSO – Haverá uma lista na recepção contendo os nomes dos convidados

O único presente que espero de cada um é sua valiosa PRESENÇA
O projeto social “VALE SORRISO” agradece a quem contribuir com agasalhos

Favor confirmar o recebimento deste 



sábado, 21 de abril de 2012

VIDA DE PROFESSORA - 0 OLHAR DA ALUNA- Por Regina Pompeu


Como parte da avalição do módulo de Fundamentos de Psicopedagogia do curso de Pós Graduação, solicitei aos alunos que fizessem uma crônica relatando sua experiência. O texto da Amanda foi tão bom que resolvi pedir autorização para publicação no blog, o que ela, prontamente, concedeu. Portanto, aí vai:
FIM DE SEMANA...

Toda sexta-feira é sempre a mesma alegria. Fim do expediente, ir para casa. Descansar e só voltar depois de dois dias. Que beleza! Mas, essa sexta mudou. Primeiro dia de aula... Pós-graduação. Preguiça e ansiedade. Curiosidade e expectativas. Como será a professora? Quem serão os alunos? Quantos seremos? Aula chata ou legal? Meu Deus! Chegou o dia. Estou a caminho. Faculdade parece longe. Chego. Olho o relógio. Cedo demais. Aguardo. Observo quem passa. Será ela a professora? Vou para sala. Alguém está na minha frente. Elegante. Tudo combinando. Professora? Procuro a sala. Encontro. Entro. Lá está! Os colegas de sala. A professora, a elegante e combinando... Fundamentos de Psicopedagogia. Vai ser cansativo. Teoria e muito texto. Penso comigo. Chato! Necessário. Aprender. Absorver. Aprimorar. Começou. Dinâmica? Desenhar? O que vai acontecer... Vergonha. Travo. O que fazer? Consigo. Termino. Legal! Gostei. Diferente. Fim de aula. Expectativas superadas. Vou para casa. Descanso. Relógio desperta. Cedo demais... Sábado. Mais um dia de aula. Dia todo! Maçante! Lá vou eu... Chego. Sonolenta e ansiosa. O que teremos? Cadê a professora? Chega. Mais elegante e combinando. Bonita. Começa a falar. Atenção total. Ainda fala. Atenção. Não para de falar. Olhos começam a fechar. Estou com sono... Pausa. Volta. Despertei! Descontração. Legal! Gosto da professora. Divertida. Organizada. Preparada. Almoço. Que fome! Volto. Segunda etapa do dia. Filme. Muito bom! Outro olhar. Psicopedagógico. Desenvolvido. Não esperava. Parabéns! Superou. Fim de sábado. Chega! Acabou? Tarefas para casa. Passa semana... Carnaval. Que folia! Muita leitura. Sexta-feira. Lá vamos nós... Faculdade. Pós-graduação. Novamente. Vínculo já criado. Colegas. Professora. À vontade. Na sala. Aguardo. Chega. Que elegância! Toda combinando. Professora. Chique e organizada. Conversa. Começa. Atenção. Importante. Anoto. Aprendo. Dúvidas. Soluções. Esclarecimento. Muito bom! Expectativas... Mais que superadas. Adoro. Muda o pensamento. Visão. Abertura maior. Sábado. Cedo. A caminho. Novidade... Dia todo? Até almoço. Amei! Nada contra. Teoria. Textos. Engano... Jogos. Brincadeiras. Divirto. Quero mais. Deu a hora. Fim da aula. Curso... Professora... Agradeço. Importante? Tudo. Valeu!

sábado, 14 de abril de 2012

VIDA DE PROFESSORA- Por Regina Pompeu



A ESCOLHA
É muito difícil determinar a razão de uma determinada escolha profissional.
Como a maioria das meninas de minha época de infância, eu vivia brincando de escolinha.
Filha única, superprotegida, com poucas oportunidades de fazer amigos, brincava e falava sozinha (aliás, falo sozinha até hoje), lecionando para meus alunos imaginários.
Ao concluir o antigo curso ginasial (hoje Ensino Fundamental), meu desejo era ter continuado a estudar no mesmo colégio estadual.
Porém, os planos de minha família eram outros.
Fiz exame de admissão ao Instituto de Educação Caetano de Campos, considerado o melhor da cidade, e fui aprovada.
Segundo meu pai, eu deveria me formar professora e depois, já com uma profissão garantida, se quisesse, poderia prosseguir os estudos.
Foi o que fiz.
Na Caetano, conforme chamávamos carinhosamente a escola, fiz amizades que perduram até hoje, mais de quarenta anos depois.
Já na faculdade, prestei concurso para o magistério municipal e ingressei como professora efetiva; fiz carreira e me aposentei como diretora.
Sinceramente, apesar de gostar muito de estudar e de ter uma relação afetiva com a maioria dos alunos, não gostava muito da rotina de dar aulas. Naquela época, éramos obrigadas a seguir cartilhas e programas pré-determinados, sobrando pouco espaço para a criatividade. No entanto, precisava do salário e não podia me dar ao luxo de abrir mão de um cargo público.
Somente fui tomar gosto pela profissão quando passei a coordenadora pedagógica, trabalhando na supervisão e formação de professores e, posteriormente como diretora e supervisora escolar.
  Muitos colegas de percurso já se foram, outros se distanciaram, mas alguns ainda fazem parte de meu círculo de queridos amigos.
Com todos aprendi muito, cresci como pessoa e como profissional e, embora muitas vezes cansada e desiludida, não me arrependo de ter trilhado este caminho.
EDUCAR HOJE: UM DESAFIO
Desde os povos primitivos, é por meio da educação que as gerações adultas transmitem às mais jovens conhecimentos, valores, crenças e costumes construídos pela sociedade.
Esse processo ficou cada vez mais complexo ao longo da história, o que tornou obrigatória a existência da escola como seu principal agente.
Antigamente, essa transmissão se dava de maneira razoavelmente tranquila, visto que as mudanças da sociedade se operavam lenta e gradualmente.
Hoje, no entanto, toda a sociedade e, particularmente, pais e professores se encontram confusos.
Vivemos numa época de mudanças tão rápidas que mal conseguimos acompanhar.
As imagens nos chegam de todas as partes do mundo no mesmo instante em que os fatos estão ocorrendo.Podemos ter acesso a qualquer museu ou biblioteca em questão de segundos.Os avanços tecnológicos tornam obsoletos equipamentos recém adquiridos.
Já estamos na segunda década do terceiro milênio e o que temos são muitas perguntas e pouquíssimas respostas:Como adequar a escola aos novos tempos?Como estimular o interesse pelos estudos?Que conteúdos desenvolver, que valores transmitir?Como avaliar?Como educar, enfim, para essa nova sociedade que se apresenta tão cambiante e plural?Que tipo de adulto queremos formar? Como estabelecer limites sem cair no autoritarismo? Como controlar a escalada da violência, as drogas, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez na adolescência?
Felizmente contamos com estudos que nos permitem buscar soluções novas para os novos desafios que se nos apresentam.
Já não se admite a existência de apenas um tipo de inteligência, mas de múltiplas formas de aprender. Não vivemos mais sob o domínio da valorização exclusiva do intelecto e reconhecemos a importância saber lidar com as emoções.Estamos, felizmente, começando a praticar efetivamente a inclusão.
Contamos com valiosas contribuições das diferentes áreas do conhecimento, que nos indicam maneiras de proporcionar às crianças e jovens variadas formas de aprender de maneira autônoma e criativa.
O importante é que estejamos abertos a novas ideias, sem, contudo, nos deixar iludir por modismos; é importante manter fórmulas consagradas, sem apego a práticas obsoletas.
É preciso ousar, perder o medo, confiar em nossa capacidade de crescer e possibilitar crescimento às novas gerações.
PALAVRA, PARA QUÊ TE QUERO?
Embora seja fascinante refletir sobre a linguagem não verbal, vou restringir meus comentários à verbal, aquela que usa a palavra, seja ela escrita ou falada.
Com o tempo, o homem foi aperfeiçoando seu sistema de representação do mundo por meio de sinais (sonoros e gráficos) e hoje contamos com uma imensidão de possibilidades, o que torna a comunicação cada vez mais completa e complexa.
É na família que a criança vive suas primeiras experiências simbólicas. É a mãe que nomeia o mundo: nenê, bola, mamãe, au-au…
À medida que repete e imita a mãe e demais pessoas que a rodeiam, a criança vai recriando a linguagem e se constituindo em ser verbal, ser social, ser humano.
À escola cabe a sistematização e o aprofundamento das várias linguagens: escrita, falada, matemática, artística, científica.
No entanto, é preciso cuidado.Muitas vezes o que dizemos não é entendido por nosso interlocutor, não porque ele esteja desinteressado ou desconheça o assunto, mas porque as palavras que usamos não fazem parte do seu vocabulário, podendo causar mal-entendidos.
O mais comum é acreditar que o outro não sabe, quando, na verdade, não entendeu o que lhe foi dito ou perguntado.
Termos usados com significados diferentes conforme a região, vocabulário adulto sem significado para a criança, são exemplos de fatores que podem causar erros de avaliação, confusões e até ruptura na comunicação.
O folclore escolar está repleto de casos, como este, que relato apenas como exemplo.
Uma professora de 1ª série pediu que a aluna lesse e interpretasse a seguinte frase:
MAMÃE AFIA A FACA.
Por mais que estivesse decodificando os sinais, ela não conseguia perceber seu sentido.
Ainda bem que a professora, através de perguntas, conseguiu entender:
Que sentido a menina poderia ver nessa sequência de palavras?
MAMÃE AFIA ( A FILHA) A FACA.

MEIOS DE TRANSPORTE
Esta aconteceu com duas colegas.O assunto era “meios de transporte e comunicação” para alunos da 2ª. Série.Após desenvolver o tema, a Rita colocou um questionário na lousa, onde pedia:
Cite três meios de transporte que você já ouviu falar.
Orlando disse que não havia entendido a pergunta e a professora, pensando que ele não havia entendido a palavra “cite”, disse que ele deveria escrever o nome de três meios de transporte que ele tinha ouvido falar.
Desesperado, ele resmungava:
_ Carro não fala, avião não fala, trem não fala…..
Quando a Rita contou o caso na hora do intervalo, a Sônia, que estava trabalhando o mesmo tema, resolveu fazer a mesma pergunta à sua classe, para verificar se apareceria alguma resposta semelhante.
Um de seus alunos respondeu:
_ Enxovais Jangada e Casas Pernambucanas.
Naquela época, circulavam pelo bairro algumas peruas com alto-falantes, conclamando os moradores a comprar seus produtos.
Realmente, esse aluno havia ouvido alguns meios de transporte “falando”…
PRESENTES PARA A PROFESSORA
Em toda classe sempre há algum aluno desejoso de agradar a professora.
Naquela turma de segunda série não era diferente.
Não lembro mais de seu nome, mas seu rostinho oriental está gravado em minha memória.
Ela vivia me presenteando com flores, balas, etc..
Certa vez, me trouxe um lindo anel, certamente de ouro.
Perguntei se sua mãe sabia desse presente e ela, muito sem jeito, disse que sim.
Devolvi a ela e pedi que somente me desse quando eu pudesse agradecer à sua mãe, pessoalmente.Nunca mais vi o anel.
Numa segunda feira, me trouxe um pedaço de bolo bem grande.
Ao me entregar, comentou:
_ Ontem minha tia fez aniversário e minha mãe fez dois bolos.Um deles, todo mundo comeu. O outro ninguém quis; então ela me mandou trazer este pedaço para a senhora…
Pena que essa sinceridade e essa pureza desaparecem à medida que crescemos!
MARILDA
Era a primeira aluna da classe.
Cadernos sempre impecáveis, lições corretas, pontualidade e assiduidade nota dez.
Aos dez anos, Marilda era minha aluna da 4ª. Série do antigo Primário, hoje Ensino Fundamental, numa escola municipal na Vila Nova Cachoeirinha.
Era tão brilhante que naquele ano ganhou a biblioteca prêmio oferecida pela Secretaria de Educação ao melhor aluno da escola.
No dia da entrega do prêmio, fomos somente nós duas para recebê-lo, pois ninguém de sua família a acompanhou.
Sempre asseada, mas pobremente vestida, o olhar triste contrastava com seu brilhantismo escolar.
Numa tarde, um homem visivelmente embriagado aproximou-se do muro da escola e começou a falar bobagens.
Marilda baixou a cabeça na carteira e começou a chorar.
Certa de que o motivo do pranto era o medo, aproximei-me dela e consolei-a dizendo que não tivesse receio, pois o portão estava trancado e não havia perigo de que o homem entrasse.
Nesse momento, um dos alunos falou:
_ É o pai dela, professora!…
MÁRCIA
Ah!, se tivéssemos o dom de voltar e apagar o passado!
Se pudéssemos desfazer alguma ação de que nos arrependemos, certamente eu voltaria àquele dia já muito distante em que humilhei uma aluna de uma forma que jamais poderia ter feito.
Era uma classe de repetentes de primeira série.
Naquela época (espero que não se faça mais isso atualmente), os alunos que não conseguiam vencer a “cartilha”, eram reprovados e agrupados numa mesma classe para começar tudo de novo, como se não tivessem tido avanços no ano anterior.
Os cadernos de Márcia eram feios e sujos.
Um dia, cansada de repreendê-la e certa de que a estava “educando”, com muita raiva, peguei seu caderno e, rasgando em muitos pedaços, lancei-o ao cesto de lixo, dizendo, em frente a todos os outros alunos:
_Seu caderno é um lixo e é aqui o seu lugar!
Não me lembro de ter recebido em toda a minha vida um olhar com tanto ódio, ressentimento e humilhação.
Eu merecia muito mais do que esse olhar, e espero que o dano que causei não tenha sido irreversível, e que ela tenha encontrado no seu caminho uma professora um pouco mais sensível e humana, capaz de fazê-la recobrar a auto-estima.
ENSINANDO GERMINAÇÃO
Era uma classe de 1ª. Série e eu, ainda no início do magistério, devia ensinar como as plantas nascem e se desenvolvem.
Comecei as instruções, de maneira detalhada, chegando ao óbvio:
_ Peguem uma lata vazia de ervilha ou massa de tomate, façam furinhos na parte de baixo, encham de terra até a metade, coloquem três grãos de feijão, cubram com mais terra. Entenderam? Alguém tem alguma pergunta?Lá do fundo, um dos alunos ergueu a mão:
_ A gente deve por também o caldo do feijão?…..
ELOÍSIO
Ele sempre se apaixonava pelas professoras.
Naquele ano, eu era a bola da vez; ele chamava meu noivo de “aquele mini-homem”.
Quando estava no primeiro ano, chegou a esperar o namorado da professora com um pau, para lhe dar uma surra. Só não o fez porque seus colegas o dissuadiram.
Quando essa mesma professora ia se casar, eu o convidei para ir comigo.
No dia marcado, ao vê-lo chegar, perguntei:
_ Eloísio, você não vai ao casamento da Sônia?
Muito sem jeito, ele respondeu que não.Só então percebi que, mesmo humildemente vestido, ele estava com sua melhor roupa.
Para consertar a “mancada”, pedi para uma colega entrar na minha sala de aula e, fazendo cara de surpresa, perguntar aonde ele ia tão bonito.
A estratégia deu resultado e o levei para minha casa, onde, a pretexto de estar fazendo frio, lhe emprestei um casaco.
Passei o casamento prestando mais atenção a ele do que aos noivos.
Houve um momento em que sua emoção era tanta, que ele saiu para chorar escondido.
Anos depois, já grávida de meu filho, eu o encontrei trabalhando numa metalúrgica em frente à minha casa.Embora tivesse crescido, não tinha perdido seu jeito ao mesmo tempo doce e maroto.
CONSTRUINDO TEXTOS
Os alunos deveriam inventar frases com uma palavra escolhida por mim.
Em seguida, a classe escolhia algumas e, com elas, montávamos uma história.
Para evitar frases pobres, eu “proibia” os verbos de ligação.
Naquele dia, a palavra escolhida foi galo.
Surgiram frases como:O galo é namorado da galinha.O galo mora no galinheiro.Etc..
Até que o Renato leu a dele:
João quebrou a régua na cabeça da Maria.

Espantada, perguntei:
_ Renato, e o galo?
_ Tá na cabeça da Maria, professora!
ACENTUAÇÃO
Classe de 3ª. Série.
Aula de Português.
Escrevi uma lista de palavras na lousa, com a seguinte instrução:
Coloque o acento adequado.
Um dos alunos levantou-se da carteira e, muito irritado, dirigiu-se a mim, dizendo:
_ Professora, a senhora ensinou o acento agudo e o circunflexo, mas o adequado a senhora ainda não ensinou!


terça-feira, 3 de abril de 2012

UFAH! FINALMENTE SESSENTA- PARTE I- Por Mainara Zampieri







Tenho tanto p'ra contar que demorei a elaborar o início, e por ter passado por quatro vezes pertinho daquela senhora de túnica preta com uma foice na mão, resolvi intitular este primeiro capítulo de:
" Ufah! Finalmente sessenta "
Não fosse a sorte e um Anjo da Guarda muito competente, eu não estaria contando isto hoje p'ra vocês.
Meu primeiro esbarrão com a morte foi aos sete anos de idade quando d-e-s-p-e-n-q-u-e-i  do segundo lance da escadaria da Escola, de 10 metros de altura, ao fazer de escorregador o corrimão de madeira que tinha uma curva muito atraente, na qual eu já estava craque há alguns meses.
Total= somente muitos hematomas, nada quebrado, apenas 8 pontos por dentro do lábio inferior e 12 por fora.

O segundo veio bem depois, aos 28 anos, quando passei por um aborto de uma gestação de seis meses e dez dias que me obrigou a permanecer deitada por estar com a placenta prévia. Meu marido não queria filhos, por já ter dois ainda pequenos de seu primeiro casamento, entretanto não aceitava usar preservativo e sabia que eu não podia tomar pilulas anticoncepcionais por ter propensão a tromboses. Eu já havia passado por 3 curetagens forçadas por ele e ainda por dois abortos espontâneos bem no início das gestações, acredito que por estar o útero sem condições de segurar o embrião devido às curetagens.
Naquela gravidez em 1.980, o médico decidiu solicitar repouso absoluto em virtude de estar a placenta anterior ao embrião.
Vale esclarecer que o médico das curetagens era outro. O que me tratava nessa gestação, era mestrado fora do Brasil e foi o pioneiro em Banco de sêmem, só atendia no Albert Einstein, etc..
Decidi então ir p'ra casa de meus pais para ter o repouso necessário. Meu marido ia me ver diariamente, e a partir do quinto mês sua roupa no final do dia tinha um sutil perfume feminino e por outras vezes umas manchas de blush.
Bem, fui ignorando o tanto quanto pude, até que numa sexta-feira quando me visitou deixou claro a vontade de se separar de mim assim que o bebê nascesse. Naquela madrugada dores fortes começaram e precisei ser levada ao Hospital juntamente com minha mãe por uns amigos, pois ele havia viajado com os dois filhos.
Com pressão arterial de 4 X 1 em virtude dos fortes analgésicos e sob cuidados intensivos prestados pelo próprio médico e sua equipe, sofri dores agudíssimas na ante-sala cirúrgica enquanto todos aguardavam o efeito da anestesia peridural para começarem a cirurgia. Mas............fui presenteada pela eliminação natural da placenta, e logo depois aquele médico com muita experiência fez meu corpo expelir imediatamente o bebê sem fazer a cirurgia, entretanto o anjinho já estava em óbito por falta de oxigenação.
Era um menino com 790 gramas e 23 centímetros, que fiz questão de olhar e tocar apesar do estado deplorável em que me encontrava.
Da terceira vez o Guardião Angelical teve que dar conta de um sequestro relâmpago em l992, aos 40 anos de idade, quando esse tipo de delito ainda nem tinha recebido esse "título".
Fui abordada no trânsito por dois assaltantes armados, que me obrigaram a destravar as portas e, entrando no carro um deles tomou o volante e disse p'ra que eu ficasse quieta, sem reagir, no banco do passageiro, e o outro sentou-se atrás e manteve uma arma com o cano colado em meu pescoço. Queriam saber em que Banco eu tinha conta, se havia dinheiro, se eu estava com o cartão magnético e qual era a senha.
Comecei a falar e perguntei se aquilo era um assalto ou um sequestro, porque poderiam me deixar sair e levar o carro, a bolsa e a senha, mas responderam que era apenas um assalto. Fui conversando com eles, tentando mantê-los calmos porque eram muito jovens e estavam visivelmente drogados, quando depois de 20 minutos rodando pelas ruas a procurar uma agência bancária, várias viaturas da Polícia já estavam nos seguindo com suas sirenes abertas. 
Alguém, que até hoje agradeço sem conhecer, percebeu a abordagem e ligou ao 190 dando as características do carro e do delito.
Naquele momento pensei que iria ser o F-I-M, porque os policiais atiravam e as balas atingiam a traseira do carro durante uma perseguição de 3 ou 4 minutos que foram os mais longos de minha vida até então. Foi quando agarrando o braço daquele que estava ao volante, pedi que parasse o carro e me comprometia a dizer à Polícia que eles eram meus parentes.
Em seguida ele estacionou com calma e os dois saíram com os braços na cabeça. Eram nove viaturas, naquela altura, que frearam em torno do meu carro. Foi assim que me vi livre deles, apesar de ter ainda passado pelo constrangimento de também ter ido ao paredão com as mãos na cabeça porque a Polícia não tinha certeza se eu era a vítima ou uma comparsa no crime, até que revistando minha bolsa e os documentos me liberaram pedindo desculpas. O Sargento que comandava a operação tinha 20 anos de experiência em capturas, e me disse duas frases: 1- "A senhora teve muita sorte porque a maioria dos reféns são mortos dentro do carro pelo nervosismo dos delinquentes." 2- " A arma que eles usaram, é uma semi automática e esteve com uma bala na agulha durante todo o tempo. Que sorte tem a senhora!"
Ufah......................!!! Ufah......................!!!
Na Delegacia foram tomados os depoimentos e após a chegada das respectivas mães dos "distintos" com Certidões de Nascimentos "frias" é claro, eles foram gentilmente levados por uma Assistente Social para a Febem.
Meu carro?
A oficina credenciada da P.M. iria demorar tanto para restaurá-lo, que preferi fazê-lo por conta própria.
Restaram ainda cinco meses de psicoterapia, p'ra que eu pudesse dirigir novamente sem me assustar com qualquer pessoa que passasse perto do meu carro.
 
A você que está lendo estas histórias, meu pedido de desculpas por trazer tanta violência logo em nosso primeiro contato.
É que isso faz parte da vida das Novas Sessentonas.
Nossas avós, as Antigas Sessentonas nos contavam histórias diferentes, mas sobretudo as dramáticas, com certeza, foram as que nós mais gravamos, não é mesmo?
E então, vamos continuar!
A quarta ação do senhor Anjo de Aço foi aos 54 anos quando, sentindo a dor mais aguda de minha vida, tive o apêndice supurado. Estava na casa de uma amiga porque naquela tarde não pude dar aulas por estar com algumas dores pelvicas. Foi ela então que chamou a ambulância e me acompanhou ao hospital.
Os analgésicos na veia começaram a agir enquanto os exames eram providenciados. Me mantiveram em jejum absoluto pela eminencia de uma cirurgia, entretanto após dois dias o médico ainda não tinha uma conclusão. Na manhã do terceiro dia ao me olhar no espelhinho do banheiro, notei que estava com a aparencia esverdeada, como a dos semimortos.
Esperei o médico chegar, o que se deu às 2:00 horas da tarde, e segurando firme em seu bíceps exigi que me operasse.
Constrangido e alegando que o Centro Cirurgico estava sendo dedetizado, pediu que eu esperasse mais um dia.
Resolvi então mencionar alguns nomes de conhecidos meus na Cidade que iriam denunciá-lo por meu óbito, e exigi que me abrisse a pelve naquele momento, sob minha total responsabilidade, e ainda segurando seu braço pedi que ligasse para o Centro Cirurgico dizendo que havia uma emergência.
E ele o fez.
Chamou uma enfermeira para fazer a assepcia local em minha pelve, mas não foi atendido. Todas estavam em procedimentos.
Então perguntei a ele: "Doutor, o senhor tem um Prestobarba em sua valise?"
Em 5 minutos de chuveiro, sem forças, com dificuldade e com soro ligado, me preparei para a operação.
Total = 30 litros de soro fisiológico para "lavar" toda a pelve e o abdomem durante uma hora e meia de mesa cirurgica; mais 14 dias de hospital, 4 em jejum, com antibióticos na veia, e um mês sem poder trabalhar, mas livre de uma septicemia.
Depois de três meses, uma hérnia na incisão me obrigou a uma nova cirurgia. Com outro médico é claro, foi colocada uma tela especial que segura até hoje minha musculatura pélvica.
Que bom hein, que a medicina avançou, mas que pena que alguns profissionais continuam desumanos.
Queridos, ainda quero lhes contar outras histórias, por exemplo: de meus 3 casamentos, sobre minha vida profissional, da vida de meu pai, que foi muito bonita e outras, e mais outras. Até breve.
Mainara Zampieri
Regina, quero agradecer por sua generosidade. A idéia de seu Blog nos permite deixar pública nossa história de vida. Você não pode calcular com que prazer e vontade estou escrevendo cada linha destas, além disso, que terapia espetacular saber que estamos dividindo essas experiências com mais pessoas, e que não precisam ficar apenas guardadas em nossa memória. Imaginar que embora essas pessoas não estivessem presentes nos momentos narrados, elas agora também fazem parte deles.
Muito, mas muito obrigada de verdade. Namastê querida Regina.
Rita Figueiredo, gosto de ler seus textos, aprecio sua franqueza e diplomacia.