Certa mariposa faceira apaixonou-se perdidamente por um lampião.
Todas as noites ela esvoaçava à sua volta, esperando que ele desse alguma esperança àquele amor nascido do olhar, alimentado pela ilusão.
À medida que crescia a luz do lampião, aumentava o amor da triste mariposa.
Insatisfeita pela espera inútil e por sua vida vazia, resolveu, certa noite, aproximar-se mais dele, na tentativa de fazê-lo sucumbir ao seu fascínio.
Conseguiu seu intento, mas o lampião foi tão ardente que consumiu a mariposa no fogo de sua paixão abrasadora.
Foi tão cruel em sua indiferença, foi tão insensato ao ser tocado pela pureza do amor, que destruiu quem mais o amava.
Mas pode-se bem compreender: lampiões só têm ardor, não têm sentimento, não têm amor.
21/09/1971