Feliz de quem tem o
privilégio de conviver com uma pessoa madura.
Ela é como o bom vinho
sorve-se dele até a última gota. E só é bom porque a paciência do tempo e a prolongada espera lhe confere
delicioso sabor. Vem daí a palavra Sabedoria, saber curtido e parido com sabor.
A Sabedoria parece que gosta de ficar nas duas
pontas da vida. No início, com a criança e no fim com a pessoa madura. São
idades do perigo, do imprevisível, da mais escandalosa verdade, da explícita e
honesta irreverência. Sempre nos surpreendendo, a gente nunca sabe o que vai acontecer quando
se está com eles. Ambos são espantosamente coerentes. A criança porque é
inocente e o velho porque perdeu a vergonha. Não tem compromisso com sucesso, expectativas etc.
A pessoa madura é como
“panela velha”. Sabe-se dos seus efeitos mágicos, os segredos que guarda
debaixo da mal tratada e batida tampa. Nutriz, ela não só saciou a fome
avassaladora de muitas bocas ansiosas e gulosas, mas sobretudo a fome de
presença, companhia, a fome de esperança e sentido .
Que dom, graça, privilégio
poder envelhecer juntos. Tomamos consciência disso, quando vemos nossos amigos
e parentes, que “já fizeram a sua lição” e partiram para as suas merecidas
“Férias”. Ou então nos surpreendemos com os que ficaram limitados por uma grave
doença. Outros se separaram pelo caminho, e tomaram cada um novo atalho.
Envelhecer juntos é nem
olhar mais para aqueles irritantes defeitos que tantos anos nos incomodaram. Como
se fosse a identidade da pessoa, a gente não quer mais que mude, pois
aprendemos a aceitar e amar assim mesmo.
Envelhecer junto é como
querer sempre aquele velho cobertor, travesseiro, cama, sapatos, chinelos,
roupas São objetos que tomaram vida e significado. Agarrados a eles, são
extensão e prolongamento de nós. São companheiros, cúmplices e todos muito
fiéis às nuances, dores, humores ,
dobras e manhas do nosso cansado corpo.
Quando se envelhece junto,
sabe-se muito um do outro sem muitas palavras, poucas brigas, fartos e generosos gestos
pequenos, triviais, mas indispensáveis para a felicidade simples e quotidiana de cada um.
Feliz do casal que termina
seus dias juntos.
Essa Graça não vem de graça.
Foi preciso correr o risco
de confiar um no outro, (principalmente se tratando de mulher) para fazer as
necessárias mudanças que cada um aspira e o mundo exige.
Tivemos que ceder, conceder
e permitir ao outro a liberdade de partir, crescer e evoluir, sem saber se essa mudança o trará de volta.
Muitas vezes, um deles (como
a mulher do nosso tempo) fez isso à revelia. Resistiu às pressões, perdas, que
ameaçavam a estabilidade da família e da relação.
Esteve submetida a duras
provas, à desconfiança ou ao ridículo.
Suportou e administrou
muitas brigas, terremotos, tempestades e furacões. Sobreviveu evoluiu sem
deixar a família, seu marido e o seu amor para trás.
Homem e Mulher, que se
aliaram assim com o Céu e o Inferno de
cada um, constroem rico Patrimônio Espiritual, isto é um MATRIMÔNIO
Cada um teceu sua Alma com o
fio da Alma do outro. Enlaçados, amarrados com
esse fio, invisível, fraco, fino, os dois costuraram juntos a roupagem
que cobre a carne da própria carne, fundiu ossos de seus ossos. Com surpresas,
e alegrias, mas também com suor, sangue
e lágrimas escreveram uma só história. Serão sempre UM, no grande OUTRO que é
UNIDADE e CENTRO de todas as coisas.
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