terça-feira, 8 de janeiro de 2013

SEM PEIAS- Por Maria Tereza Callefe



Literalmente de mãos e pés atados. Deixo para os outros a honra de vencer os obstáculos. A mim, só a mim cabe o direito de dizer chega. Não posso mais. Às vezes sento-me perto da nesga de sol e acho que vou enxugar este lodo que teima em escorrer por dentro da alma. Sim, tenho uma excelente teoria para discursar sobre as grandes vantagens de passar por cima de brasas sem me queimar. Teorias, excelentes. Na prática esborracho-me e deslizo ocultamente por estes barrancos que nos levam ao fundo de nós mesmos. O que encontrarei lá? Não sei. O que sei e sei muito bem é que neste momento quisera ter mãos e pés desatados e ir-me como dizia o poeta, não por aí, para onde me convidam sorrateiramente, mas o que eu quero mesmo é evadir-me e caminhar solta ao vento, carregada por minhas emoções, meus desejos, meus sonhos, caminhar comigo, sozinha, sem peias.
Mas hoje o que de mim sei é que de pés e mãos atadas pouco sou, embora os sábios me falem da beleza dos caminhos agrestes.
Quero um bosque quente, morno, com crianças me chamando para brincar de ciranda cirandinha e de passa anel.
Hoje é só isto que quero. Nada mais. Muito menos discursos...

Caraguá, 12 de junho de 2005.

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