sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sala de aula. Estrela D’Alva. Agosto de 85- Por Maria Tereza Callefe


(Enquanto os alunos escreviam, eu me perguntava sobre o sentido da minha presença, ali, naquela sala, com eles...)

São rocha ainda. Há vida, entretanto, pronta para se organizar e se manifestar através do sonho e da fantasia.
Estão curvados ainda ao peso de um aparente não-saber.
Haverá qualquer dia a explosão magnífica do despertar.
Nesse dia então me perguntarei: que fiz com eles, que semente, através de minha esperança de vê-los crescer, lancei de mim?
Quais foram os dias em que o meu “não” estaria carregado da mais pura força que existe entre a terra e o céu?
Quais foram os dias em que o meu “sim” foi porto depois da tempestade, amanhecer depois das trevas, amparo depois dos desencontros?
Nesse dia, então, quando abrirem suas asas e alçarem o voo mais seguro que a liberdade confere às criaturas, nesse dia, certamente, terei iniciado a minha caminhada.
Serei um ponto quase apagado na imensidão dos tempos.
Não haverá nem mestre, nem aprendiz. Haverá apenas um leve roçar de emoção na ponta dos laços finalmente desfeitos.

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