quinta-feira, 14 de agosto de 2014

AS SOGRAS - Por Regina Pompeu

Se existe alguém que não pode reclamar de sogra, este alguém sou eu!
E olha que tive três, todas muito queridas e de cada uma aprendi lições preciosas. Parodiando a Terezinha de Jesus: A primeira foi a Irma, não se trata de "Irma La Douce" (como no filme), mas é mulher doce, meiga, carinhosa, excelente cozinheira. Eu era muito jovem e inexperiente quando casei com seu filho. Com suas receitas aprendi a dar os primeiros passos na cozinha. Mesmo após a separação, ela continuou cuidando do meu filho, na época com 2 anos, para que eu pudesse trabalhar. O casamento durou pouco, mas até hoje, mais de trinta anos após o divórcio, continua me tratando como filha.
A segunda, Anita. Enviuvou muito cedo e teve que distribuir os filhos nas casas de tios para poder trabalhar e sustentá-los. Em minha breve vida em comum, de apenas três anos, com seu filho caçula, aprendi a querê-la muito bem. Já havia perdido o filho mais velho e quando o mais novo morreu do mesmo mal, me disse com voz amargurada: _ “Minha filha, acho que fiquei velha apenas para ver meus filhos irem embora!” Restou-lhe apenas a filha, que a acompanhou até os últimos momentos, aos 92 anos.
A terceira, Branquinha, se foi para sempre há alguns dias. Alagoana arretada, aos 17 anos fugiu da família, que se mudava para Santos e permaneceu em Sergipe, onde ficou a vida toda. Até o próprio nome ela escolheu. Como não gostava de Otília, passou a se chamar Branca e só assinava o nome que constava na certidão em documentos oficiais. Casou com um homem já idoso, teve apenas um filho (meu atual companheiro), mas criou outros dois de um relacionamento anterior de seu marido. Obviamente, ficou viúva muito jovem e batalhou para sustentar o filho e seus enteados. Até recentemente morava sozinha, não tinha empregada e não tomava remédio algum. Foi enfraquecendo e percebemos que ela já não tinha condições de manter o mesmo estilo de vida. Ao se dar conta de que, de alguma forma, sua vida seria dirigida pelos outros, deitou na cama, recusou-se a receber alimentação e, em um mês, exatos 30 dias após completar 92 anos, saiu desta vida da mesma forma como a viveu: tomando as rédeas em suas próprias mãos!
Além de lições de vida, acabo de receber uma lição de morte!

Um comentário:

  1. SÓ VOCÊ MESMO, REGINA, PODERIA VIVER ESTA BÊNÇÃO DA SERENA E DOCE CONVIV ÊNCIA COM ESSA TRÊS MULHERES DE SUA VIDA. SE EU PUDESSE , COMO BRANQUINHA , TOAR AS RÉDEAS ATÉ O FIM, SERIA BOM DEMIS DA CONTA, JÁ PORQUE SOU MANDONA POR NATUREZA.
    SOGRA...DA MINHA NÃO POSSO FALAR PORQUE NOBLESSE OBLIGE..QUEM FOI A DOCE SOGRA, FOI A SOGRA DE GERALDO, A IRENE BOA. ACOLHEU-ME , COM TERNURA E SEM RESERVAS. TENHO MUITAS SAUDADES DELA.

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