quarta-feira, 20 de março de 2013

DIÁRIO DE BORDO 2- ESPANHA 2013- PARTE 1- MADRID E CANÁRIAS


Pôr do sol em Lanzarote
OS PREPARATIVOS

Em setembro de 2012, eu mal havia chegado de uma temporada de 3 meses na Europa, quando minha amiga Iara me convidou para acompanhá-la à Espanha em fevereiro de 2013, onde faria um curso de flamenco.
Aceitei na hora e começamos a montar toda a logística: roteiro, passagens, reservas de hotéis, etc..
Já estava tudo acertado quando, faltando pouco mais de 10 dias para a partida, a Iberia alterou o horário do voo que nos levaria de Madrid a Lanzarote. Como única opção sobrou um voo à noite. Além de ter de ficar mais tempo em Madrid e perder quase um dia inteiro em Lanzarote, acabei sendo obrigada a voar de novo pela Ryanair, coisa que eu tinha jurado nunca mais fazer.
Passei quase uma semana pesando malas, pois tínhamos direito a apenas um volume de 15 quilos para despachar , mais um de mão de, no máximo 10 quilos. Para quem sai daqui no verão para passar 4 semanas no inverno europeu, isso é muito pouco.Só casacos e botas, que não podem ir no corpo ( a não ser que queiramos derreter), pesam uma tonelada!
Enfim, tudo preparado, malas prontas e pesadas, chegou o dia!


05 de fevereiro
Saí de Caraguá de ônibus em direção ao aeroporto de Guarulhos. Estrada em obras, ficamos por 2 horas parados na Rodovia dos Tamoios. Encontrei a Iara no aeroporto e, como havíamos conseguido uma passagem em promoção na classe executiva, lá fomos nós esperar  pelo voo na ala vip. Tudo muito chic. Pena que meu intestino resolveu entrar em greve!


06 de fevereiro
Chegamos a Madrid às 11h. Deixamos a bagagem no guarda-malas do aeroporto e tomamos um ônibus e metrô para o centro da cidade. Mal descemos do trem, uma multidão cercava uma mulher, fotografando e filmando. Também tirei uma foto, vai que é uma celebridade que ainda não conheço! Perguntamos para uma senhora que passava e ela, indignada, nos respondeu:

- Ficou famosa porque teve um filho com um toureiro!

Almoçamos no El Corte Inglés e aproveitamos para fazer as primeiras comprinhas da viagem: cremes milagrosos que vão nos deixar com a aparência de adolescentes!
Demos uma volta pelos arredores e visitamos o Convento de Las Descalzas Reales. Quando estive em Madrid há dois anos, não consegui fazer a visita, pois há um número limitado de ingressos por dia, e fiquei frustrada, pois é considerado um dos pontos importantes de visita à cidade.
É bonito, mas não deixa de ser apenas mais uma demonstração do fanatismo católico dos espanhóis. Deixamos a visita após ver o recinto do coral, pois temíamos chegar tarde ao aeroporto. 

       Lanche no El Corte Inglés, após as primeiras comprinhas da viagem.

                                                  Plaza del Sol


Os melhores churros de Madrid
                                  Convento de Las Descalzas Reales

Voltamos ao aeroporto e embarcamos para Lanzarote. O peso da bagagem bateu em cima! Na Espanha não são tão rigorosos e algumas pessoas embarcaram com uma bolsa além da maleta de mão, o que não foi permitido quando voei pela Ryanair na Inglaterra.
Chegamos à noite e nos hospedamos no Hotel Apartamentos Fariones, em Puerto Del Carmen.


07 de fevereiro
Após o café da manhã no hotel ( muito bom), saímos para conhecer os arredores. A cidade é bem simpática e acolhedora. Contratamos um taxi e fomos conhecer o Parque Nacional do Timanfaya.





        Os camelos eram utilizados para a lavoura e transporte. Atualmente,
        pelo que nos disse o motorista do taxi, quase somente para turismo.


Ao chegarmos ao Parque, pegamos um ônibus que faz o trajeto pelo vulcão, com explicações em vários idiomas (menos português, é claro!). Não é permitido descer do veículo, mas ele para em alguns pontos para que se possa fotografar. É impressionante a paisagem: tudo lava vulcânica, parece que estamos em outro planeta.















Almoçamos no restaurante El Diablo. A comida é assada no calor do vulcão.



                   
 

                                      Restaurante El Diablo  

Ao lado do restaurante, os guias fazem demonstrações para os turistas: jogam água nos buracos e logo ela se transforma em vapor e explode.
        
                                                    





                                                      





Voltamos para o hotel, descansamos um pouco e saímos para jantar na Cantina La Parmegiana. Acabamos pedindo comida demais: berinjelas gratinadas e pasta. Estava deliciosa, mas conversamos com ela a noite toda.
A Iberia está em greve, os voos estão sendo cancelados ou saem atrasados.
Acho que meu intestino aderiu ao movimento!
 
08 de fevereiro
Alugamos um carro e saímos para visitar outros pontos importantes: Jardín de Cactus, Jameos del Agua e Cueva de los Verdes.
A paisagem serviu de material para que o artista plástico César Manrique executasse obras fantásticas, alçando a ilha à categoria de reserva da biosfera.
Iara na direção do carro que alugamos para passear pela ilha. Como co-piloto não fui muito eficiente, andei dando algumas orientações erradas...

Começamos pelo Jardín de Cactus, exemplo de intervenção arquitetônica integrada à paisagem.
















          Até as indicações dos banheiros são criativas, com desenhos do artista.


Jameos del Agua são um espetáculo à parte. Localizam-se no interior vulcânico produzido pela erupção do vulcão La Corona. Devem seu nome à existência de um lago interior que constitui uma formação geológica singular. Origina-se por infiltração, ao se encontrar por debaixo do mar.



           Caranguejos cegos e albinos, que medem 2 cm e só existem aqui.
         Não é permitido lançar moedas no lago, pois isso alteraria o ph da água, matando os caranguejos.


                                             Lago natural

 
                             Barzinho construído nas cavidades ( jameos) das lavas.




                                                   Anfiteatro
Anfiteatro




Espelho maluco

Ainda tínhamos a intenção de conhecer a Cueva de los Verdes, mas minha indisposição digestiva estava cada vez pior.
De nada adiantou tomar Nux Vômica, comer granola, activia, etc..
O termo " enfezada" cabia como uma luva e me sentia empalada.
Cheguei a pensar em obstrução ou coisa pior!
Voltamos e resolvi tentar um recurso desesperado. 
Na farmácia, entre um rapaz e uma moça, escolhi a última, claro, e perguntei, no meu espanhol (a)fluente: “Señorita, no sey como es en español la medicina que necesito. Su nombre em my pays es: supositório de glicerina”. Ela me respondeu com um piedoso olhar: “Es no mismo, señora: supositório de glicerina”. Que alívio! Eu já estava imaginando o tipo de mímica que teria de fazer para explicar!
O problema não chegou a ser resolvido completamente, mas melhorei bastante. 
Espero, daqui pra frente, poder curtir melhor a viagem!

09 de fevereiro


Nossa primeira parada foi na casa de José Saramago, na região de Tias. (A ilha é pequena, mas tem, se não me engano, 7 prefeituras, com suas respectivas câmaras, estrutura administrativa, etc..)
 




Piso de lava vulcânica, em homenagem ao solo da ilha.
Quadro que Saramago comprou de César Manrique.
Eles não se conheciam pessoalmente, mas se admiravam mutuamente.
Quando Saramago estava prestes a se mudar para Lanzarote, combinaram que teriam muito tempo para se encontrar e aprofundar a amizade.
Manrique morreu num acidente de automóvel na rotatória que existe na esquina de sua casa, apenas alguns dias antes da chegada de Saramago.
Assim, eles nunca chegaram a se encontrar.

José e Pilar
A cama em que Saramago morreu.
Seu escritório.

Vamos ver se absorvo a inspiração do mestre sentando em sua cadeira!


Entrega do Prêmio Nobel em Estocolmo

Lembrança da Bahia


Ele colecionava de tudo: canetas, pedras, miniaturas. 
Temos muito em comum (rsrsrsrs)!!!!
 

Cafezinho na varanda

O jardim...
a cadeira predileta...
  e a paisagem.

A biblioteca

Em seguida fizemos a visita à Bodega Stratvs.

As parreiras são plantadas em solo vulcânico e protegidas do vento.
São as gerias.









As pedras vulcânicas são usadas até no teto!

A melhor parte da visita: degustação.

Vulcão El Cuervo
O vento era tão forte, que não conseguimos chegar perto.
A seguir, visitamos a Casa- Museo Monumento al Campesino







E a casa de César Manrique, tão criativa e maluca quanto suas outras obras na ilha.










Terminamos o dia passeando pelo Puerto del Carmen- Playa Chica.






Para finalizar nossa visita à ilha, jantar ao pôr do sol no Restaurante Sal e Pimenta.

No caminho, alguém que me fez lembrar minha saudosa amiga Isolda.






Lubina (peixe) coberto com uma camada de sal, conhaque e fogo.

Lagostins con patatas enrugadas

Adeus, Lanzarote, quem sabe até a próxima?



10 de fevereiro
Voamos pela manhã para Tenerife,

                                                  Chegando a Tenerife

onde nos hospedamos no Hotel Iberostar Mencey, devidamente decorado para o carnaval:








Deixamos a bagagem no hotel e saímos para conhecer a cidade.
É domingo de Carnaval e dizem que nesta ilha há o segundo melhor do mundo, só perde para o do Rio de Janeiro. 
A conferir.
Fizemos um lanche numa cafeteria onde os foliões estavam se concentrando.

Descobrimos que o carnaval é na rua, famílias inteiras e grupos de amigos saem com fantasias ( disfraces). Há palcos espalhados pela cidade, destinados a públicos específicos: crianças, jovens, adultos, etc..









Após uma volta pela cidade, voltamos ao hotel, tomamos um lanche na cafeteria e nos recolhemos.
Este é o hotel mais caro da viagem, o mais luxuoso, mas tem um mau cheiro incrível no banheiro e uma internet péssima. O café da manhã é bom, mas não está incluído na diária.



                              Parque em frente ao hotel

11 de fevereiro  
Saímos em direção ao terminal de ônibus (guaguas).



Tomamos um ônibus até Orotava. De lá, contratamos um taxi que nos levou ao Parque Nacional del Teide.
É considerado o ponto mais alto da Espanha.
Não chegamos a subir pelo bondinho porque no alto havia muitas nuvens, o que impossibilitaria uma visão ampla da região.
Mas o relevo é fantástico.
Embora seja coberto de lava vulcânica, é bem diferente de Lanzarote. 
                              













                                                            Rocha em formato de rosa

Retornamos a Orotava, almoçamos no Restaurante Sabor Canario, passeamos pela cidade e voltamos de guagua para Santa Cruz de Tenerife.




                                                                                   Interior do restaurante.
                                                                                 Casa de los Balcones
                                                    Trajes típicos das diferentes ilhas.


                              Distâncias dos diferentes lugares do mundo. 
Cadê o Brasil?


                                                               Prefeitura  
                                                                          Catedral

Passageira fantasiada (não sei de quê, mas estava tudo combinando: sapato, vestido, máscara...) em nosso ônibus, dirigindo-se a Santa Cruz para o carnaval.


Este era o palco destinado aos adultos. A soprano está cantando a ária de uma ópera!!!!!! 
Como o tema deste ano é a Índia, todos estão vestidos a caráter.


As vitrines das lojas especializadas em Primeira Comunhão são riquíssimas. Na Espanha é um evento muitíssimo importante.


12 de fevereiro

Saímos por volta das 10h para pegar o trem para Laguna.
As ruas estavam sendo lavadas e o cheiro de urina era insuportável.
Pelo caminho, foliões fantasiados, com meias rasgadas, rabinhos de coelhinha da play-boy, fio dental...
O rapaz que nos orientou quanto ao trem estava brincando na rua desde as 21h do dia anterior. 
Fazia muito frio e vento quando chegamos a San Crintóbal de la Laguna. A Iara teve que me emprestar seu colete de penas!  











             Casa em que nasceu o Padre José de Anchieta no século XVI

Voltamos de Laguna e almoçamos no delicioso restaurante El Castellano.

Fomos, então, conferir o Coso (desfile de terça-feira de carnaval).
É hilário: parece desfile de fanfarra.
As danças estão muito mais para rumba do que para samba.
Mas é muito divertido.
Não há cobrança de ingressos e o pessoal chega cedinho para conseguir cadeiras; levam lanche, fazem amizade, uma farra.
Ingênuo e puro como nossos carnavais de antigamente.
Na semana passada, durante o desfile para a escolha da Rainha do Carnaval, a fantasia de uma das candidatas incendiou numa demonstração pirotécnica.
As pessoas ainda estavam consternadas e faziam referência a ela portanto cartazes de apoio.   











                                           Rainha do carnaval


13 de fevereiro

Pela manhã visitamos o Mercado Mãe África, passeamos pelo centro e almoçamos novamente no El Castellano







                                          Quem lembra?????
Eu estava ansiosa para acompanhar o Enterro da Sardinha.
É um desfile de 4a. feira de Cinzas, em que as pessoas se despedem do Carnaval.
Todos vão fantasiados de viúvas, choram, dançam e no final é incendiada uma sardinha enorme, que vai num carro alegórico.
Não conseguimos ver porque chovia muito e o desfile ia sair somente após o jogo do Real Madrid, que terminaria às 22h.
Apenas escutamos os fogos às 2 da manhã.

14 de fevereiro
Lá vamos nós para Barcelona.

                                                                          Continua...



Um comentário:

  1. Adorei o título do blog e também de ver a parte da viagem antes de chegarem por aqui! Muy bien! Besitos!

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